Recolho versos do campo Cada silêncio me inspira Guardo estrelas nos olhos Pra luz que a noite me tira Sei fazer os meus caminhos Aprendi ser campeador Mas às vez inda me perco Nos rumos do teu amor Recolho versos do campo Pra te entregar de regalo Nos espinhos que enredam As quilinas dos cavalos Do vento nas maçanilhas Que espalha flores e penas Meu vou juntando pedaços De alegrias pequenas Recolho versos do campo Das frágeis teias de aranha Entre o sereno dormido Na solidão da campanha De quando as patas do pingo Rompem a luz das macegas Eu bebo a alma do campo Que mansamente se entrega Recolho versos do campo Na linha dos aramados Que trazem notas de vento Por entre os fios espichados Trago terra e céu sedentos De nuvens que pouco sei Meu coração vem pesado De tanto que já guardei Recolho versos do campo Nas sangas de aguada boa Pela calma das canhadas Que um fim de tarde abençoa Há sempre uma rima pobre Na saudade que me habita Basta juntá-la com outra Que a história fica bonita Recolho versos do campo Nas garças ganhando o céu Na graça das corticeiras Na copa do meu chapéu Eu nunca mais fui o mesmo Depois, que um dia apeei Na mirada do teu rancho Ficou tudo que juntei