No dia 18 de outubro de 1950 Eu dava de cara com um mundo Vermelho igual a pimenta Nasci em esteira de palha Numa roça pertinho do mar Papai trabalhava na lancha e mamãe Ah mamãe fazia bamba Vovo tinha um jumento chamado seus carinhos Que era o seu ganha pão E na escola da professora Albertina Eu aprendi a lição Oque é que eu vim fazer nessa cidade Eu vou voltar pro interior Vou me casar com Terezinha Vou trabalhar de encanador ou lavrador Perai eu me lembro foi numa serenata Num belo dia de calor Que um amigo falou pra mim entusiasmado que Voz bonita Mathu, vamos pra são Paulo ser cantor E eu vim pra são Paulo e na chegada Já fiquei meio invocado É que no céu tinha um sol com cara de cachorro buldog Mas na terra tava um frio lascado E num certo dia no centro da cidade Eu tentei passear Sabe como é na praça da republica sem documento atualizado Ta em cana não deu tempo de explicar Oque é que eu vim fazer nessa cidade Eu vou voltar pro interior Vou me casar com Terezinha Vou trabalhar de encanador ou lavrador Eu tentei cantar num programa de calouros Teve jeito não É que o diabo da fila começava na praça marexal deodoro E terminava lá no começo da avenida são João E os idiotas desentendidos queriam que eu fizesse uma musica que tivesse uma nova idéia, tadinho de mim Pois enquanto a bendita da idéia não chegava Eu comi todo o sanduíche de mortadela da paulicéia Tem jurado que é vendedor de pipoca, empresário, sem vergonha Sem vergonha, sem vergonha, como é que pode?! Ora deixa eu calar minha boca pois falar certas verdades ou besteiras Dá bode, dois bode, três bode, uma boiada de bode Nssa cidade Eu vou voltar pro interior Vou me casar com Terezinha ou com Mariazinha Vou trabalhar de encanador ou lavrador