Eu vivia no Claustro Na sombra silenciosa dos mosteiros Mas um dia Quando as penitências mortificavam O meu corpo alquebrado e dolorido E a oração Era o conforto do meu coração Disse-me alguém Minha filha Juraste fidelidade só a Deus Mas se entrevês os Céus E as suas maravilhas Se tens a Fé mais pura A Esperança mais linda Não te esqueças que a Caridade O anjo que nos abre as portas da Ventura Não permanece No recanto das sombras, do repouso Se ama a prece e a pureza Não faz longas e inúteis orações Ela é a serva de Deus E as suas preces fervorosas São feitas com as suas mãos carinhosas Que pensam no coração da Humanidade Todas as chagas abertas Pelo egoísmo Está sempre em meio às tentações Para vencê-las Esmagá-las com o Bem Destruí-las com Amor A solidão da cela é um crime Não te retires, pois, do mundo Darás a Deus, sem reserva, a tua alma Amando o próximo Que contigo é seu filho dileto Será um hino constante subindo aos Céus Sê a mãe desvelada A irmã consoladora A companheira terna De todos aqueles que te rodeiam Na estrada longa dos destinos comuns Sê a abnegação e a bondade serena E a tua Fé Será um hino constante subindo aos Céus A tua esperança em Deus Será dilatada Para que vislumbres as felicidades celestes Que esperam os justos na Mansão da Alegria Meu corpo não resistiu Aos cilícios que o martirizavam E minh'alma tomada de emoção Abandonou-o, brandamente Atraída pela Verdade Desprezando o repouso e a soledade Sonhando com a luz do trabalho Em outras vidas benfazejas Porque a verdadeira paz de espírito É conquistada No seio das lutas mais acerbas Dos mais rudes pesares E só a dor que nos crucia Ou a dor que consolamos Somente a Dor em sua essência pura Nos desvia da amarga desventura Purificando os nossos corações Na conquista das altas perfeições