Eu me recosto na varanda em fim de tarde E observo a passarada indo encontro De seus galhos, suas pousadas Não da pra ser só Não da pra ser só Com revoar da passarada E nos jardins os girassóis entristecidos Pelo astro rei se recolhendo triunfante Alaranjando atrás dos montes Não da pra ser só não da pra ser só Com Deus pintando o horizonte O sino ao longe anuncia ave Maria Vozes uníssonas beatas, comunhão As contas bailam por dedos habilidosos na oração A chaleira apita no fogão a lenha Água fervendo sente o aroma tem café O meu cumpadi vam pitá um na varanda E um violão de prontidão E a Lua estreia em seu vestido prateado Piam corujas, uivam em coro a cachorrada E a cigarra dando as caras Não da pra ser só não da pra ser só Com essa Lua escancarada