Eu morava no pé da serra, lá pras banda de Ouro Fino Meu rancho era de barro, mas ô trem bão e divino Tinha um rio d’água limpinha, e um pomar de laranjinha Toda tarde eu escutava, o cantá da andorinha Acordava bem cedinho, o café no fogão a lenha O cheiro da terra molhada, ô lembrança que me envenha O berrante roncava longe, chamando o gado no pasto E eu seguia pela estrada, com meu chapéu já gasto Ô saudade do meu sertão querido Do tempo que eu era menino Da viola, da moda e do pinho Lá pras banda de Ouro Fino! No domingo tinha a reza, e depois o batidão O povo da redondeza, se ajuntava no salão A sanfona gemia alto, no compasso do destino E o amor brotava fácil, no olhar dum caipirino Ô saudade do meu sertão querido Do tempo que eu era meninino Da viola, da moda e do pinho Lá pras banda de Ouro Fino! Hoje eu moro lá na cidade, mas meu peito é de capim Levo a roça na lembrança, ela num sai mais de mim Quando pego a minha viola, o passado abre caminho E o som me leva de volta, la pras banda de Ouro Fino Ô saudade do meu sertão querido Do tempo que eu era menino Da viola, da moda e do pinho Lá pras banda de Ouro Fino! Ô saudade do meu sertão querido Do tempo que eu era menino Da viola, da moda e do pinho Lá pras banda de Ouro Fino!