É alma no papel, é sangue onde faltou tinta MC Eletro na voz, irmão Já vi o tempo fechar sem nuvem no céu Já tive vontade de sumir, mas mantive o papel Já dormi com o estômago roncando Mas levantei com o peito gritando Já chorei calado, já quase travei Noite virada, sem paz, sem lei Pensamento voando, alma no chão Mas cê acha que eu parei? Nem ferrando, irmão Já tive depressão, nó na mente, sem saída Mas nunca larguei a escrita Se a caneta travar, eu rasgo o dedo Mas deixo o verso vivo, cuspindo segredo Favela não chora, ela engole seco Enquanto uns falam de dor, eu carrego no peito Vários não aguentam metade do que eu passei E ainda tem coragem de dizer que eu nunca lutei Se a caneta acabar, eu sangro Se a voz falhar, eu grito no pranto Se for pra cair, vai ser de pé Cria de São Gonçalo, eu carrego fé Minha mãe me ensinou que ser homem é postura Então eu luto todo dia, e nem sempre com armadura Eu sou linha de frente, com o sonho ativo Foco no futuro, passado é arquivo Meu maior desejo é ver minha a sorrindo Poder da o mundo pra ela, e brindar um bom vinho E os meus filhos, vão andar de cabeça erguida Sem precisar passar o que eu passei na vida A rua me testou, a mente me cobrou Já gritei pro teto quando ninguém me escutou Mas fui firme, fui frio, fui certo A bala vem de todo lado, mas eu sigo esperto Se a caneta acabar, eu sangro Se a voz falhar, eu grito no pranto Se for pra cair, vai ser de pé Cria de São Gonçalo, eu carrego fé Minha mãe me ensinou que ser homem é postura Então eu luto todo dia, e nem sempre com armadura Não me moldo, não me vendo Faço meu som, sigo escrevendo E se ninguém acreditar, tudo bem Eu vou até o fim com essa caneta na mão e coragem também Isso aqui não é só letra É vida pura E se um dia eu tombar no caminho Cê pode dizer: Ele foi até o fim, sozinho, e sorrindo