Na busca por aceitação, perdi a mim mesmo no caminho Entre a pressão das expectativas e o peso do meu destino Afogado em estereótipos e julgamentos sem fim Minha identidade sufocada, um labirinto dentro de mim A voz que era elogiada, também era arma de crítica Ele é tão sensível, diziam, como se fosse algo ruim Na igreja, um levita talentoso, um pregador Mas o rótulo era mais forte os olhares também As palavras doces vinham sempre com um sermão ou um desdém Uma constante batalha para ser aceito, na escola ou na igreja Aquilo era difícil pra mim Por que ele age assim?, perguntavam, sem entender Minha essência, moldada por padrões que eu não queria ter A busca por encaixe, um quebra-cabeça sem solução Entre o que eu era e o que eles esperavam Era uma triste contradição (na cabeça deles claro) E no despertar da adolescência, veio o despertar da verdade A atração que eu sentia, eu não via maldade Masturbava-me pensando neles (nos garotos) Enquanto escondia dos outros O peso da religião, dos preconceitos, tantos muros Mergulhei no papel de evangélico exemplar, casto e puro Mas por dentro, o fogo queimava Um desejo incontrolável que eu não conseguia controlar As amizades, as aparências, um teatro que eu representava Enquanto por dentro, meu eu verdadeiro sufocava Até que decidi não mais me esconder, nem me desviar A verdade, minha verdade, eu precisava encarar Entre risos e julgamentos, ergui minha voz, sem temer Ser quem sou, com orgulho, foi a minha forma de vencer Sou mais do que os olhares que tentam me definir Minha voz ecoa além, não posso mais fugir Entre o peso das expectativas, eu me libertei Minha verdade, meu caminho, finalmente encontrei (encontrei) Na escola, no altar, o peso das palavras cortava fundo Ele não é como os outros, um estigma que me afundava no mundo O brilho da minha voz era faca de dois gumes Elogios e críticas, uma batalha que não se resume No palco da igreja, um levita nas mãos de Deus Mas fora dela, um adolescente perdido O desejo proibido, os sonhos em segredo guardados Em cada olhar, um julgamento, em cada sorriso, um fardo A puberdade trouxe a verdade que eu não queria aceitar Atrações que me incendiavam, sem poder me esquivar Entre rezas e doutrinas, eu me perdi e me encontrei Aceitar quem eu era, o maior desafio que enfrentei Sou mais do que os olhares que tentam me definir Minha voz ecoa além, não posso mais fugir Entre o peso das expectativas, eu me libertei Minha verdade, meu caminho, finalmente encontrei No palco da vida, brilho como sou Sem máscaras, sem medo, sigo meu próprio fluxo Cada cicatriz, uma marca da minha resistência Cada passo, uma dança de libertação e consciência Sou a soma de lutas, conquistas e fracassos Um ser em evolução, rompendo com os laços Que me prendiam ao passado de autoengano Hoje sou livre, autêntico, meu próprio plano Nas batidas da vida, no compasso do meu ser Resplandeço em cada verso, sou livre para viver