Às cinco, eu acordo no breu Às seis, tomo um gole que queima e corro pro espelho Dez e meia, calço meus tênis e fujo do erro (Ando, ando, sem rumo, sem nexo, sem freio) Três da tarde, minha sombra me chama de louco Às seis, minha mente vira açoite no pescoço Rabisco no caderno, rosto morto e olhar fosco Mas ninguém vê, ninguém crê Minha cabeça vira o poste com aviso de perigo Fa-fa-fa-fa-fa-fa-faça desse verme um manequim Pe-pe-pe-pe-pe-pe-perfura esse rim, suja o jardim Minha mente rabisca e cospe tudo que tem em mim La-la-la, tá, ra, tá, ra, pa, ra, ra, ra, fim Cinco de novo, um novo ciclo começa Seis da manhã, o café desce como promessa Dez e quinze, vejo vulto dentro da peça (Empacotado, dobrado, parado, peça por peça) Às três, a rua me olha torto Às seis, a voz sussurra: Faz de novo esse aborto Tô rindo em silêncio, tipo palhaço morto Rabisco corpos com calma Minha mente não é alma, é trauma Fa-fa-fa-fa-fa-fa-faça desse verme um manequim Pe-pe-pe-pe-pe-pe-perfura esse rim, suja o jardim Minha mente rabisca e cospe tudo que tem em mim La-la-la, tá, ra, tá, ra, pa, ra, ra, ra, fim (Quem eu era já morreu) (Faz tempo que meu céu sumiu) (Cada hora é um ciclo novo) (E todo dia tem alguém que caiu) Fa-fa-fa-fa-fa-fa-faça desse verme um manequim Pe-pe-pe-pe-pe-pe-perfura esse rim, suja o jardim Minha mente rabisca e cospe tudo que tem em mim La-la-la, tá, ra, tá, ra, pa, ra, ra, ra Fim