A narrativa trás sonhos expectativas Mesmo quando se olha pelo ângulo de coadjuvantes e protagonistas Quando se permeia pensamentos opostos Buscando respostas do óbvio Como um pintor que retrata a clareza da paisagem Rios, bosques, rochedos e imagens Gêneros que apaixonadamente nos fazem ver a vida Como eu queria ser um particular romancista Mas não da porque meu poema vem manchado de sangue Rubricado pelos gritos, dos inconstantes Que carregam na alma ressentimentos atenção E não dissipou a neblina da confusão É por eles que escolho a biografia O tema que o poeta ingênuo não descrevia E que o racionalista por opção esquecia Mas a mãe do menino com lágrimas não podia Porque era só um menino Que no dia 14 de outubro em 2015 Com 11 anos, observo as folhas das árvores caindo Dia chuvoso, sopro do vento, pássaros, detalhes No meu quarto eu trancado, triste mas pronto pra viagem Não sei bem se vão me entender mas, o que sinto vontade eu preciso fazer Porque a dor não tem brilho, sabor, cheiro Ela não é o resultado da cinza no cinzeiro Não é o salto a corda ou o comprimido São lembranças presas em profundos esconderijos Não quero ir na escola dessa vez É lá que sou repudiado com estupidez Lá sou chamado de nerd de merda e sem graça Noventa por cento me insultava e ninguém falava nada Sempre sentei sozinho Meu melhor elogio era não ser visto Coordenador, professor, faziam parte disso Quando não viam o escarro o xingamento e a perseguição E nunca notaram a violação Enquanto estou no meu mundo egoísta como eles dizem Existe milhões de crianças infelizes Mas tudo bem, um adeus é sempre especial Não aguento mais, não me levem a mal Pai, mãe não precisam chorar por mim Amo todos vocês mas preciso ir Meu último pedido e é tudo que tenho Diga para o mundo que me odeiem menos É até bonito ouvir psicanalista falar Trabalhar o tema entre acadêmicos e erudição exalar O que eles não dizem para vocês é a verdade Que suicídio não é escolha é um distúrbio na sociedade Que mata mais que a guerra e acidentes automobilísticos Sem contar o grande número de homicídios Porém já estou até ouvindo o seu blá blá blá Que meu argumento é arbitrário e tem tendência a ser vitimista Quando, o que tenho na verdade é amor a vida E oro pra que isso nunca aconteça na sua família É que tudo gira em torno dos mesmos assuntos Amor, ódio, inveja, morte, orgulho, indiretas, adultério, falsidade, futebol e susto Sinônimos e termos que aumentam o entulho Da hipocrisia endêmica no país Que deu vozes a cantores embustes e vis E esses não merecem um trecho da minha letra Pois só lembram de Jesus quando estão com a caneta Paladinos de redes sociais, estou por aqui e vou falar Acho que vou vomitar É preferível um aperto de mão que um abraço Pra manter distancia dos falsos Jesus foi traído com um beijo Demonstrar amor nem sempre é sinal de ser verdadeiro A pá do arqueólogo, a cadeira do paraplégico O negro racista com seu ódio reverso Ferramentas que nos predestinam a ser assim Eu só queria festas, esportes e ser feliz Mas antes de terminar uma certeza eu tenho Peço por favor me odeiem menos