Minha casa é o chão da campina A minha rotina é uma estrada É prado, é pedra, é pó, é sina! Cruzo vale e grotão Corro em beira de mar Passo na cerração Atravesso luar Tenho orvalho na mão Ventania no olhar Sou espada no chão Sou navalha no ar Corto serra e sertão Ando ao Deus-me-dará Qualquer lugar Minha cama é a lua dobrada O meu cobertor é a neblina É grama, é charco, é vau É tronco, é pau Em chapada, vertende e areal No galope do meu alazão Só tenho o meu embornal Meu rifle e meu cinturão Cavaleiro do Santo Graal Violeiro, poeta e artesão Eu sei pregão de jogral Eu sei missal de cristão Já me fechei pro mal Com a cruz de São Romão Já vi o seu sinal Minha vida é luz peregrina Uma estrela azul prateada Que brilha, aonde eu for Em mina, em fonte, em flor Piso onde eu quiser com meu cavalo Pois jamais nasci pra ser vassalo Nunca me abalei, e nem me abalo Com seu doutor, com o poder, com feitor Casco de trovão, crina de raio Vai chispando o meu cavalo baio Sou arauto do Treze de Maio Porque sou livre e sou libertador Sou livre e sou libertador