Aqui é o baile de máscaras cotidiano Quantas vezes eu pensei em me libertar daqui? Mas aí, o mundo é de aparências, é o que tem O sistema fez assim, eu não consigo sair É muito difícil fugir, para onde é que eu vou Mudar a história de quem eu fui, quem eu sou Eu sou trabalhador e é de onde eu vim O ensinamento da classe foi trabalhar até o fim Cada trabalho por anos, cada trabalho uma contribuição Cada dia, o pão nosso é a razão Em qualquer ano da história Império europeu, colonização, democracia Sistema feudal com seus servos e tal, lá na antiga Eu tento adivinhar o que você mais precisa Financiar sua goma ou comprar o rango Um filho para criar fora dos planos No fim de semana você diz Que quer mudar de vida, vida de atriz Então, como eu estava dizendo Não é fácil, não é só sair correndo Eu sei como é que é, é foda, parceiro É o capitalismo favorece quem tem dinheiro Nada de marca, nada de caro, só o emprego Não tem ibope, não tem rolê, só trabalho o dia inteiro Sendo assim, sem chance, sem liberdade Você sabe muito bem quem escolhe a verdade É assim que funciona na sociedade Isso não é sermão, ouve aí, sem maldade Todo mundo quer seu lugar na janela, obviamente Eu sou só mais um sobrevivente Na época de moleque, eu só pensava em jogar Chuteira no pé e bola pro ar No areião da quebrada, mol peneira Sonhando logo cedo com a carreira O dia inteiro só jogando bola Nosso crime, várias fugas da escola Eu não estava nem aí, nem levava nada sério Queria ser jogador quando mais velho Mas me diga, olha ao seu redor Quem não sonhou da época de menor? De lá pra cá, muito velório rolou Muito sonho morreu trabalhador Mas hoje eu quero te dizer Que sonhar de verdade é viver Entender o que o sistema faz Ele começa logo cedo, bem lá atrás Meus outros manos foram todos iguais Classe de trabalho, trabalhador se faz Mas que merda, minha carteira tá assinada Que vida escrava, quando é que vai ter fim? Sonhei que uma gata disse assim Tenho pouco tempo, trabalho 6x1, vem ficar comigo Ha, ha, ha Enfim, sonho é sonho, deixa quieto Sexto sentido é um dom, aprendiz de mãe, eu tô esperto Ser trabalhador está a favor, mas conforme for Tenho carta na manga, sonho em ser rico igual doutor Joga o jogo, vamos lá, caiu o capitalismo, vamos jogar Eu não preciso de muito pra me libertar E encontrar o caminho pra ganhar Eu vou procurar, sei que vou encontrar Eu vou procurar, eu vou procurar Você não bota uma fé, mas eu vou me libertar E encontrar o caminho pra ganhar Sentado lá fora, vendo a molecada jogando bola Senti a brisa no ar, e o pôr do Sol iluminar Lembrei de quando eu era pequeno Faz tempo, uns 15 anos mais ou menos Na época de pipa, o parque cheio Eu e os parças, correndo o dia inteiro Hoje eu vou dar um rolê, chega aí Relembrar os velhos tempos, se divertir E aí, como é que tá? E os trampos? Então, cheio de BO, devendo até no banco Mas, ih Mano, toda vez o mesmo assunto Trabalho, pouco dinheiro, aí, vamos mudar de rumo Traz um fino pra nós fumar, que eu tô sem Principalmente aquela grama de $100 Uma pá de mano preso na escravidão Trabalhando pro chefe desfilar de carrão Fazendo conta por aí, pra comer e se vestir Não pode vacilar, não tem pra onde fugir Não é por nada não, mas aí, eu quero é que se foda A minha liberdade eu vou buscar, nem que eu morra Eu não tô nem aí pro que os outros fala Trabalhar a vida inteira Para Pode vir, tô de pé, na minha caminhada, qual é? Na maior, em busca do luxo, sem medo, eu tô bruxo Eu tô ligeiro, eu tenho a minha regra Sou trabalhador, mas quero aumentar a régua O mínimo já não me faz feliz Entender o sistema é a chave, é o que eles nunca diz Procure o seu, eu vou me libertar E viver no caminho pra ganhar Eu vou procurar, sei que vou encontrar Eu vou procurar, eu vou procurar Você não bota uma fé, mas eu vou me libertar E encontrar o caminho pra ganhar Ansiedade correria, no dia a dia Dia do trabalho, feriado, só mais um dia Ódio e cafeína a seu dispor E aí, tá devendo quanto pro seu doutor? Quatro meses de pensão atrasado Puta que pariu, meu aliado Sentimento de revolta e dor Na mente, um estado desesperador Eu percebi quem eu sou realmente Quando eu ouvi o meu subconsciente E aí, parça, qual vai ser? Sua vida é apenas sobreviver Pode crer, eu me senti fútil Eu me senti banal Mais um ganancioso, querendo ser rico De novo Puta insegurança, não dá pra sonhar Que pesadelo, eu quero acordar Não dá, não deu, não daria de jeito nenhum Sendo só mais um rapaz comum Trabalhando por anos Mais uma vida com o sistema guiando Na pele, a tatuagem da cruz Que vida é essa? Que mundo é esse? Cadê Jesus? Mais uma vez adiado Os humilhados sendo exaltados Porra, é bem confuso, para pra pensar Se é que dá tempo de raciocinar Eu já nem sei distinguir quem tá errado A vida é curta, eu já estou cansado Rico, pobre, político, religião, ou eu? Quem por dinheiro ainda não morreu? Sermão essas horas? A paranoia quer me pegar, vou sair fora Dezembro, Natal chegou Eu parei no shopping, morô Eu olhei um por um O que aquelas crianças tinham em comum Uniforme da escola, a pele clara Sorriso no rosto, e aí não para O Noel ensinando o que é ter a vida cara Podia ser um filho meu Cada um no seu lugar, eu tô ligado Na quebrada não tem Noel do estado Aqui vale muito pouco o sonho de infância O sistema prepara a ignorância O segredo não se revela A classe rica quer o poder só pra ela Assustador é quando se descobre Que tudo não passa de explorar o pobre A gente vive trabalhando, irmão, para pra ver Eu me olho no espelho, eu sou igual a você Encontre o seu caminho, encontre o seu caminho Entre na busca por liberdade, meu rap diz a verdade