Estes meus calos são anéis de formatura Eu estudei na faculdade do sertão Hoje é a enxada, meu termômetro que marca Com meu suor a temperatura do chão Eu sei a hora do plantio e da colheita Sei que o feijão para dar mais é bom plantar Na lua nova e se o milho for colhido Na lua cheia é capaz de carunchar Deita sertão Vou examinar tua grandeza Porque eu sou O cirurgião da natureza Sei que é preciso arruar o cafezal Para poder aproveitar melhor os grãos Após a chuva é que se faz a derriçagem Antes da panha é que se faz a varrição Sei que é preciso se fazer curva de nível Pra que a enxurrada não provoque a erosão Para ajudar quem atrasou-se na colheita A vizinhança se reúne em mutirão Sei que depois de toda mata derrubada Só é queimada quando o cipoal secar Depois do fogo é que se faz a estocagem E o arado vem a terra destocar Sei que o café carrega mais se for tirado Todos os brotos que em seu tronco se arrodeiam Tem que tirar do algodoeiro suas pontas Pra que suas saias de maçãs fiquem bem cheias