Num saco de estopa com embira amarrado Eu tenho guardado a minha paixão Uma bota velha, chapéu cor de ouro Bainha de couro e um velho facão! Tem um par de espora, um arreio e um laço Um punhal de aço e rabo de tatu! Tem uma guaiaca ainda perfeita Caprichada e feita só de couro cru! Do lampião quebrado só resta o pavio! Pra lembrar o frio, eu também guardei Um pelego branco que perdeu o pelo Apesar do zelo com que eu cuidei! Também um cachimbo de canudo longo Quantos pernilongos com ele espantei? Um estribo esquerdo que eu guardei com jeito Porque o direito na cerca eu quebrei A nota fiscal, já toda amarela Da primeira sela que eu mesmo comprei Lá em Soledade na Casa da Cinta Duzentos e trinta na hora eu paguei! Também um recibo já todo amassado O primeiro ordenado que eu faturei! É a minha tralha num saco amarrado Num canto encostado que eu sempre guardei Pra mim, representa um belo passado A lida de gado que eu tanto gostei! Assim enfrentando um trabalho duro Eu fiz meu futuro sem violar a lei! O saco é relíquia dos seus apetrechos Não vendo e não deixo ninguém por a mão! Nos trancos da vida, aguentei o taco E o ouro do saco é a recordação