Eu já fiz o diabo em minha mocidade Fui forte pra chuchu, valente de verdade Fazia um sururu, toda cá essa palha E logo entrava em cena minha navalha No Estácio ou na Saúde ou mesmo no Encantado Meu nome sempre foi muito bem respeitado No Morro da Formiga ou no de Mangueira O dico aparecia tal qual uma bandeira Eu tive o meu trono lá em cima do morro E toda essa cidade era o meu reinado Pelos galinhas mortas eu era temido E pela velha malandragem era respeitado Mas, hoje em dia, tudo está mudado A minha vida é bem diferente Eu sou o tipo do rapaz pacato Não provoco desacato E vivo só pro meu batente Além de tudo, tem uma caboclinha Por quem eu ando muito apaixonado Eis aí na batatolina a razão de eu estar direito E me haver regenerado Mas apesar dessa transformação Noutro dia eu fui obrigado A aplicar uma boa lição Num cara que se diz malandro diplomado E ele agora vive aí pelas esquinas Discutindo e se batendo tal qual um pardal Dizendo que quem não disse que eu não era Mas aquele se esqueceu que ainda sou o tal