Dandara, veio ao mundo bicha Dandara, nasceu afeminada Dandara, travesti nordestina, profana e feminina, pra guerra foi montada Mulher que deu a cara a tapa, Dandara bem fresca resistiu Sambou na cara da sociedade, contra a hipocrisia do Brasil Dandara padeceu como messias, vítima da transfobia, pátria nossa, pai hostil Viver é ter sorte, viver é fumaça Viver pra ser forte é dar cara a tapa Viver é ter sorte, viver é fumaça Viver pra for É dar cara a tapa Dandara veio ao mundo bicha Dandara nasceu afeminada Dandara travesti nordestina, profana e feminina, pra guerra foi montada Mulher que deu a cara a tapa Dandara bem fresca resistiu Sambou na cara da sociedade, conta a hipocrisia do Brasil Dandara padeceu como Messias, vítima da transfobia Pátria nossa, pai hostil Viver é ter sorte, viver é fumaça Viver pra ser forte é dar cara a tapa Viver é ter sorte, viver é fumaça Viver pra ser for Dandara não vive, não nos convencemos do contrário Ainda sim nos atravessa, alarme da guerra invisível Descontando batalhas por todo canto Está morta, e como viveria alvejada O que vive é um chamado Gilete conta cana apertando a têmpora Carência contra a mão bruta da maricona Aro contra coió Santa contra peito vazio, eles nunca nos dariam uma chance Não nos convencemos do contrário Se existe o rombo, o túnel, covil Se existe amor aqui nessa merda É por esse destino, a magia velha invocada sobre nossas ossadas Pela lembrança das que ainda vivem Viva sereia! Viva sibila! Viva a Gilda! Ave da rapina! Todas as travecas do babado! Dandara, sua imagem e semelhança Eu tenho certeza, elas também cantaram um dia Viver é ter sorte, viver é fumaça Viver pra ser forte é dar cara a tapa Viver é ser forte, viver é fumaça Viver pra ser forte É dar cara a tapa