De manhã eu perco a hora Eu perco a fome, perco o gás Eu nunca fui à lua Eu fui à luta, fui alguém? Os meses se repetem As semanas são iguais Os dias correm mansos Correm reto, como um trem Um trem descarrilhado Misturam-se as memórias As fronteiras nos jornais Perdemos nossas vidas Reforçando o que não vem Contamos nossos mortos Nossos sonhos, nossa paz Na morte do amanhã Eis que eu morro hoje também Morro num trem descarrilhado A frustração consome E me transforma em outro ser Que deseja o que não quero Enquanto grita por prazer Deslizo no assoalho Como fera em lassidão Ferido pela forma Com que a vida grita ação! Ação nesse trem descarrilhado Trem descarrilhado Trem descarrilhado Trem descarrilhado Trem descarrilhado