Boto um sorriso à toa Finjo que a vida é gentil Palhaço que pinta alegria Com tinta que a noite engoliu Na avenida ninguém se importa Cada um se escondendo em si Caminho com cara de festa Só que festa não cabe em mim Solidão, velha amiga de sempre Desfilando no meu carnaval Ninguém me percebe vazio Cada um só se enxerga afinal O dia me cobra na pressa A cabeça não sabe parar Carrego o meu corpo cansado Fingindo que posso dançar O relógio me empurra pra frente O silêncio não deixa dormir Meu riso se perde no vento Meu passo se cansa de ir Solidão, velha amiga de sempre Desfilando no meu carnaval Ninguém me percebe vazio Cada um só se enxerga afinal Ando perdido na rua Ninguém me conhece de fato Sou vitrine vazia na loja Sou voz que se cala no espaço É incêndio que arde em silêncio É cruz de madeira barata Cada um se salva sozinho Sou invisível nessa jornada Se um dia alguém perguntasse Talvez eu fingisse também Enquanto ninguém me nota Eu rio pra enganar quem vem Solidão, velha amiga de sempre Desfilando no meu carnaval Ninguém me percebe vazio Cada um só se enxerga afinal Solidão, velha amiga do mundo Se apresenta em todo lugar Cada qual carrega seu peso Ninguém se dispõe a mudar Ninguém se dispõe a mudar