Não peço licença a ninguém Mas tudo em mim é oração Chego como reza antiga E danço no teu coração Com o passo que vem do vento E a força de um tamborim Te tomo sem dizer nada E te uso até o fim Quando eu chego, o mundo para E se deita junto a nós O teu nome perde o rumo O teu corpo perde a voz Sou chama que não se apaga Sou segredo que te leu E na dança do meu tempo Você já foi, já se perdeu Trago o rito da alvorada E o mistério do sem porquê Minha pele sabe o caminho Que tua alma quer entender Me dou sem medo e sem pressa Com ternura e precisão Sou silêncio que arrepia Sou relâmpago e canção Quando eu chego, não resisto Sou feitiço, sou maré Me entrego por inteiro E ainda guardo a sua fé Sou tambor no teu sossego Sou janela que se abriu Brinco com tua coragem Te deixo por um fio Quando eu chego, não prometo Mas ninguém me esquece, não Sou memória que se acende No sossego do colchão