Em apenas noventa segundos Os assaltantes controlam os clientes Ameaçam os proprietários com armas de fogo E levam todo o dinheiro Que está na caixa registradora (Que está na caixa registradora) Ghetto Ace Productions Em apenas dez dias E no raio de cinco quilômetros Seis pastelarias foram assaltadas O roubo é feito por grupos De quatro ou cinco homens E acontece ao início da noite E todos eles obedecem A um mesmo método São bastante rápidos e precisos O alvo é a caixa registradora Eu vou atrás do pão Sábado ou domingo Devias fazer o mesmo Em vez de te preocupares comigo Mas como eu te digo Foi assim que Deus te fez Só tô a tentar trazer o fim do mês Antes do fim do mês Mas ele, quase sempre falha E só não falha mais porque a dama trabalha Ou achas que eu aturo bófias por prazer Tipo, que eu não tenho mais nada pra fazer Daí vem o comer e vem a renda E a prenda que tá venda na loja Que é perto da vivenda Que a cota limpa pra fazer trocados Pai bazou a buê, mas também era coitado E o meu cunhado, o irmão da minha dama Disse que essa semana me orientava uma grama Mesmo sem massa não falta o pitéu Tenho que me sujeitar Eu tenho (porque eu) uma família em casa À minha espera, sem o que comer Então eu vou à luta, todos os dias Venha quem vier Não me julgues, mano Antes disso tenta perceber A gente faz o que tiver de ser Pela família, pra sobreviver A gente sonha, parece impossível A gente come bombas de combustível A gente luta, mas pra ser franco É mais fácil levarmos um multibanco A gente estuda, mas nunca há emprego Ou porque é estrangeiro ou porque é negro Ou porque é brazuca ou porque é cigano Esquecem das bocas que nós alimentamos Então a gente come a ourivesaria Limpa o cumbú, abre uma barbearia Um café ou um salão Assim em casa não falta pão Na porta um BM, prisão ninguém quer Mas a gente não lhe teme A gente tem pobreza Não tem nada na mesa Consciências não pesam E eu só tenho uma certeza Tenho família em casa À minha espera, sem o que comer Eu vou à luta, todos os dias Venha quem vier Não, não me julgues, mano Antes disso tenta perceber A gente faz o que tiver de ser Oh, oh, no, pra sobreviver Pra sobreviver Pra sobreviver Pra sobreviver Pra sobreviver Pra sobreviver A gente faz o que tiver de ser Oh, no, oh, no, pra sobreviver Encerramento (reportagem) Até agora e, apesar do uso de armas de fogo Não há feridos a avistar O que, o que há é, que fica, é uma profunda Sensação de insegurança por partes da população