Quando eu era jovem e estúpida Eu entupia minha garganta de cigarro Faltava estampar num cartaz que estava a beira de um colapso Corria atrás de gente morna e xôxa Pra distribuir todo o afeto que eu tinha Gastava toda minha grana em fast food Uber pra casa de boy e gogozada na feirinha Viajei demais na maionese Quando encontrei alguém pra preencher o meu vazio Quando na realidade esse alguém nem existia Era tudo invenção do meu ego fudido Vai, fala mais, por favor A consciência pesou Eu esqueci do meu amor Nada faz sentido Eu mesma me joguei no limbo Já dizia um grande amigo, meu vizinho Ninguém gosta de niilista ou dadaísta Procure tomar um rumo certo nessa vida Porque viver só de momento é ser escapista, viu? Vivivivivi Mas como eu dizia, eu era jovem E falo hoje na perspectiva adulta Que na realidade ainda sou criança O tempo nada mais é que a esperança De organizar, catalogar, dizer o que é e o que não é O que foi, o que deixou de ser, o que nunca será É uma história, um passado Um pretérito perfeito, um presente, um futuro Na mitologia grega, cronos é o tempo e o tempo devora tudo Milissegundos, milissegundos, milissegundos