Tempo velho, malfazejo Judiou meu velho pai Lhe sacou da memória Nacos de sua história De gaúcho macharrão Das lidas e campereadas Das largas gauderiadas Até dos tempos de pimpão Não reconhece o seu laço Nem tampouco suas encilhas Já não ceva mais seu mate E não pede mais aparte Nas rodas galponeiras Não lembra mais dos parceiros Seus velhos companheiros Nas duras lidas tropeiras Ao pé do fogo de chão Seus olhos criam asas E tenta lembrar das casas E da vida com tenência Com calma e prudência Esboça um movimento O mesmo de pechar o vento Nas velhas rondas tropeiras Pacholento numa festa Especial numa guitarra Sempre ponteiro na farda E na gaita de botão Hoje anda mansarrão E sua ausência presente Vai picaneando a gente E lanhando o coração Teu frete hoje sogueiro Se te enxerga troca orelha Repuxa a cernelha Chamando por encilha Saudoso da coxilha Que juntos cavalgaram E ao tempo se forjaram Num centauro farroupilha Tu não lembras mais de mim Sou teu filho para tudo Meu gaúcho macanudo Que foste meu sinuelo Hoje te cuido com zelo O mesmo que me cuidaste E sempre me ensinante Que temos o mesmo tempo Firma o tranco meu velho Vale muito tua presença Preciso da tua sabença E teus raios de memória Vou copiar teu afeto E dar igual ao meu filho E ele no mesmo trilho Vai dar exemplo ao meu neto E ele no mesmo trilho Vai dar exemplo ao meu neto Firma o tranco meu velho Vale muito tua presença