São linhas no papel Contam estrelas no céu Falam das vergas do chão São coisas de alma adentro Vertendo sentimento Direto do coração Assim meu verso é feito Vai saindo cá do peito Parece querer viver Pra cantar campo e cidade Pelas raias da verdade Bem sabe o que quer dizer Meu verso também mora Na roseta das esporas Refletindo sol e lua Mesmo verso que aquece O gaúcho que adormece Pela frieza das ruas Assim é que o verso andeja Todo o universo Que é urbano e é rural E faz um bom abrigo Nas palavras de um amigo Por sincero e por leal Meu verso mora no arreio Não refuga tempo feio Segue aguentando o repuxo Pra cantar sem falsidade Um manifesto à liberdade Na voz do povo gaúcho Já morou pelas barrancas Revolveu areias brancas Águas de rio e de mar Hoje mora nas retinas Da minha gente sulina Que não cansa de sonhar Se o verso habita um sonho Cada rima que componho Vai buscando seu espaço Pra depois pegar carona No embalo da cordeona Em cada acorde um novo passo Assim é que segue adiante Feito vento em levante Soprando a esperança Sem exata dimensão Tem a força da canção Em cada nota que alcança A cada aurora Meu verso acorda lá fora Bem junto ao canto dos galos Bem ao mesmo tempo Acorda o peão de apartamento Que sequer anda a cavalo E são várias paisagens Mas somente uma mensagem No verso que se expande Sem sotaque nem fronteira Só respeita uma bandeira Com brasão do meu Rio Grande!