É fim de lida da peonada da fazenda A cavalhada sai pastando pela grama O sol, em brasa, aninhou-se no horizonte E o candieiro, encabulado, acende a chama A Dona Chica arreda os bancos da varanda A gaita velha sai berrando de uma mala O Setembrino passa a mão na Filisbina Saíram que nem resina, grudaditos pela sala Não há surungo que suplante, nestas bandas O arrasta-pé bem gaúcho tem valor As querendonas ficam saltando da caixa Indiada criada guaxa se embriagando de amor Um peão arisco fica espiando da janela E grela o olho, do tamanho de uma ameixa A Carmelina diz pra o Juca: Te dou um beijo Se tu prometes que, depois, tu não me deixa A noite esquenta só na área de contato Mesmo com a força do compasso da vaneira E os encalhados, já sem brasa de ternura Vão procurando quentura no calor de uma lareira Não há surungo que suplante, nestas bandas A sala cheia, se dança até na cozinha Bem grudadinho, se dança no corredor Sempre tenteando que a claridade escasseie Pois o escurinho protege o galanteador Fim de semana, minh'alma sempre se agranda Carteio a sina nestes surungos de rancho Sou fandangueiro, pois assim a sorte ajuda E nem o tempo não muda quem nasceu para o farrancho Não há surungo que suplante, nestas bandas