Payador, pampa e guitarra Guitarra, payador, pampa Três legendas de uma estampa Onde a retina se amarra Payador, pampa e guitarra Flecos de pátria e poesia Alma, terra e melodia Sangue de um no corpo d'outro Botas de garrão de potro da lonca da geografia Payador, alma e garganta Emoção e sentimento Melodioso chamamento que da terra se levanta Parecendo quando canta Com entonação baguala Que as aves perdem a fala E o vento apaga os rumores Pois para escutar payadores Até o silêncio se cala Pampa, matambre esverdeado Dos costilhares do prata Que se agranda e se dilata De horizontes estanqueados Couro recém pelechado Que tem pátria nas raízes Aos teus bárbaros matizes Os tauras e campeadores Misturam sangue as cores Pra desenhar três países Guitarra, China delgada que Um dia chegou da Ibéria Para tornar-se gaudéria Da pampa venta rasgada Ao payador amasiada Nas soledades charruas Morando em quartos de luas Guitarra e Lua são gêmeas E Deus não fez duas fêmeas Mais lindas do que estas duas A guitarra, o Payador e o pampa Sempre afinados São cordas dos alambrados da vida Esse corredor Paz, liberdade, e amor Que nunca serão proscritos Porque nos ermos solitos Onde o canto se desgarra Cada alma é uma guitarra Presa entre dois infinitos