Amor, achei tuas cartas no chão Fragmentos do que fomos em meio à solidão Agora estou sentado na varanda, olhando o luar Com perguntas que o tempo não consegue apagar (Não consegue apagar) Certas feridas dormem sob a pele Certas dores nunca mostram o rosto Mas vejo você dançando com sombras Enquanto me ensinava a ficar no posto (Ficar no posto) Lembro de te ver no espelho, arrumando o cabelo Havia algo no teu olhar que me levava ao teu segredo Noites de domingo, você mudava de assunto ao lembrar De tempos antes de mim que nunca quis explicar Uma vez te vi queimando cartas no quintal As chamas devorando um passado tão leal Perguntei o que queimava, e você só sorriu pra mim Disse: Alguns papéis, amor, melhor deixar no fim Certas feridas dormem sob a pele Certas dores nunca mostram o rosto Mas vejo você dançando com sombras Enquanto me ensinava a ficar no posto (Ficar no posto) Achei teu diário em meio ao pó do porão Páginas rasgadas como um grito sem solução Datas que você nunca quis contar Anos que viraram silêncio difícil de carregar Comecei a notar os padrões do teu jeito de me amar Não confie tão fácil, era o que vivia a me ensinar Você me manteve perto, como se o passado fosse voltar Pra tomar a luz que você lutou pra conquistar Certas feridas dormem sob a pele Certas dores nunca mostram o rosto Mas vejo você dançando com sombras Enquanto me ensinava a ficar no posto (Ficar no posto) Agora cresci, lendo histórias no teu olhar distante No jeito que você evitava um gesto mais constante Me ensinou a ser forte antes de dizer: Te amo E em cada lágrima oculta, deixava o que eu nunca chamo Às vezes ouço tua voz no eco dessa casa vazia Como um disco arranhado, tocando melancolia Enquanto junto os pedaços da verdade que escondeu Nos espaços onde teu sorriso quase morreu Então, amor, esta carta é pra pessoa que perdeu Entre capítulos que o tempo nunca devolveu Tua força é um poema escrito na escuridão E meu amor é a luz que ainda guarda teu coração