Trago um peso que não é meu Engoli o rancor, o silêncio e a dor Tudo o que guardei me queimou por dentro Na boca amarga, o refluxo dos momentos Há um nó na garganta que não quer descer Um gosto de raiva que insiste em viver Remoendo memórias que nunca soltei O que não digeri me prendeu ao que calei O que não digeri me prende O que não vomitei me ofende Raivas contidas são chamas a queimar Eu preciso soltar pra me libertar Alimentar feridas não é solução Esse peso em meu corpo, machuca o coração É hora de deixar fluir e sentir Soltar o que me prende pra poder existir Tantos sapos na mesa, máscaras no olhar Aceitei o amargo pra tentar me salvar Mas meu corpo grita o que eu não consegui Não aceito, o que me feriu assim Frases que sufocam: Isso é nojento pra mim Ou: Não consigo digerir o que vivi assim Entre mágoas, conflitos, no coração Meu estômago espelha a minha negação O que não digeri me prende O que não vomitei me ofende Raivas contidas são chamas a queimar Eu preciso soltar pra me libertar Alimentar feridas não é solução Esse peso em meu corpo, machuca o coração É hora de deixar fluir e sentir Soltar o que me prende pra poder existir O rancor sustentado, um veneno no ar O silêncio guardado, minha paz a flutuar Mas se a vida é um prato a degustar Escolho o menu que irá me agradar Vou deixar na mesa o que não me nutriu Transformar a raiva que me feriu Minha cura começa quando isso soltar O que me feriu eu liberar O que não digeri já não pesa mais Vomitei a dor e resgatei minha paz Soltei os rancores, me soltei da prisão Hoje respiro alívio e leveza no coração Alimentar feridas nunca foi solução Por isso agora renasço, com calma e compaixão O que antes era amargo já não está aqui Aceito a lição e volto a sorrir A cura chegou no instante em que vi Que o peso do mundo não é só pra mim Transformei o silêncio, deixei ele sair Hoje sou leve e posso digerir