Há sangue na cidade se é que você notou A água se tornou negra e amarga e depois secou Gritos vêm do gueto Há uma mão que acaricia o caos Ela não tem nome, está tão longe Some com as dores dos maus Intimidado pelas armas Fui envenenado, mas não me sinto só As paredes pichadas se estraçalham A cera das velas vira pó Mães que rezam aos sussurros Há uma voz por trás do muro E sob uma névoa de chumbo Desabam as cores ocultas do mundo Os poetas e os boêmios se escondem pelos bares Avenidas estreitas dão para os mesmos lugares As fotos voam pelas ruas criando uma multidão Ela é a última folha a morrer durante a estação Velas acesas, os moleques na baixada As armas cospem fogo, ninguém pode fazer nada Roupas manchadas penduradas nos varais Os bebês despertam, você diz goodbye A macumba continua deitada no canteiro Samba, carnaval, o som do pandeiro Ela aparece no meio de um mar de gente E se entrega, ela amanhece novamente