Antes que as palavras se afoguem Que afaguem Antes que as luzes se apaguem Que toquem Que todos os débitos em vida se paguem Que os versos por aí se propaguem Que choquem Algumas vezes escroto Não diferente dos outros Para alguns estimável Para outros intragável Lamentável Só quero um telhado confortável Já quase fui tragado pelo inaceitável Ainda tô em pé, mesmo congelado, inflamável Remando contra a maré Filho de Maria e José De onde eu vim, eu vim a pé Mergulhado até o pescoço, em plena estação da Sé Inabalável Só tô cavando um poço em busca de água potável Incansável, intocável, inestimável Não adianta testar minha fé As pessoas que acreditaram em mim? Minha mãe, meu pai e a Natália Tudo se fuderam, no fim Porque no fim deixei várias falhas Uns achando que o rap era game E a vida batalha Uns achando que o rap era game, a vida batalha Uns achando que a vida era game e a vida retalha E a vida retalha Ávida E o tempo em mim entalha E a água da chuva cai no telhado e corre na calha Ah, seus canalha, viu Com o tempo nós aprimoramos a tal da rima Com sorte até a arte de amar que iniciamos com as primas na infância Ah, quanta distância Quanta ganância Quanta ignorância Malandro, que ânsia Olha minha cara de louco Tô bem mais do que deveria com alegria Mas pra ficar como queria, ainda falta um pouco Poetas no topo Poetas no lodo Dentro do peito um dragão de cômodo De que outro modo explicaria meu incômodo Poetas do soco Poetas do meu saco! Macacos me mordam Vamo entrar num acordo Vou chegar com a furquilha E você com esse seu olho gordo Pra uns, um mendigo, pra outros, coxinha Depende da onde tu olha Uns querendo acabar comigo Enquanto umas mina comigo se molha na chuva Cuidado antes de me julgar Não sabe da onde eu vim Então vou te falar Do fundo do olho de Órus Entrei pelos poros e me instalei no porão da sua mente Num estalo te deixo contente Não por opção nem por condição Vim pra vingar seus parentes Longe do alcance das lentes Mais perto dos entes Lutando com unhas e dentes Retratos, repentes Pisando serpentes Regando as sementes Com o brilho do Sol e o peso do meteoro Me sinto colado na Terra e ela girando a milhão no espaço, eu adoro Muitas coisas que nem sei o nome Cheio de coisinha, só pode ser panetone Tá impressionado com speedflow, mano? Cês não ouviram Bone? Cheio de trauma e lemas Vim pra foder com sistema Quando tu vê minha cara, repara minha cara Não vai ter problema Quando eu usava a mesma palavra com duplo sentido no 5º, arranjava problema Agora é moda Agora repetem a palavra sem nenhum sentido Ainda assim não rima e isso me incomoda, isso me incomoda Sou tipo tipo tipo tipo tipo tipo tipo tipo tipo te te Puseram o vermelho Cê nem ficou vermelho Lembra nossa escola? O 5º hoje é como um espelho e nos reflete Com algumas rugas e filhos Mas sem nenhum confete Ainda formando seres não marionetes Janes, Marias, Dilmas, Arletes Da presidência à limpeza dos toaletes