Talvez, quem sabe, um dia Por uma alameda do zoológico Ela também chegará Ela que também amava os animais Entrará sorridente assim como está Na foto sobre a mesa Ela é tão bonita Ela é tão bonita que na certa eles a ressuscitarão O século 30 vencerá O coração destroçado já Pelas mesquinharias Agora vamos alcançar Tudo que não podemos amar na vida Com o estrelar das noites inumeráveis Ressuscita-me Ainda que mais não seja Porque sou poeta e ansiava o futuro Ressuscita-me Lutando contra as misérias do cotidiano Ressuscita-me por isso Ressuscita-me Quero acabar de viver o que me cabe Minha vida Para que não mais exista amores servis Ressuscita-me Para que ninguém mais tenha De sacrificar-se por uma casa ou um buraco Ressuscita-me Para que a partir de hoje A partir de hoje A família se transforme E o pai Seja, pelo menos, o universo E a mãe Seja, no mínimo, a terra A terra, a terra