Ela irrompe no meu campo pacífico Um surto luminoso rasgando o templo onde me escondi Sua dança convulsa desperta o coração adormecido Batidas que soam como trovões que nunca ouvi Trouxe-me vida quando eu só tinha poeira Costurou o ar nos meus pulmões Quando as esperanças já tinham derretido Perdão, por não dizer o que fervia em mim No instante exato em que o destino pediu coragem Sabia que nossa história vinha com validade curta E dói saber que você não passeia mais Pelos corredores vivos dos meus dias Queria te dar tudo que o mundo te negou Queria ser tudo que teu espírito um dia buscou Escrevi poemas como orações em combustão Pedindo à vida que tão pouco oferece Uma nova chance pra nós dois E me calei, me calei quando disseram Que minha devoção era obsessão Que meu cuidado era perseguição Nunca, nunca feri tua liberdade Ela sempre foi meu altar Você é um sopro de caos, filha de Yansã Você é a minha terceira guerra mundial Por você, posso até me render E sem sofrer Teus ventos quebram as janelas da minha razão E ainda assim me sinto mais vivo no furacão do que na paz Teu nome ainda ecoa no aço das madrugadas E cada eco abre uma fenda onde caberia um universo Se o tempo fosse menos cruel Seríamos tempestade e farol ao mesmo tempo Mas o relógio devora tudo Até o que nasceu com brilho eterno Sopro, chama, corte, vendaval Teu movimento contorce o céu Teu riso invade a espiral Grito preso, víscera tensa Minha pele ainda guarda o sinal Oh filha do vento Queimando as horas num redemoinho fatal Você é um sopro de caos, filha de Yansã Você é a minha Terceira Guerra Mundial Por você, posso até me render Entregar o peito, perder o chão E sem sofrer E sem sofrer