Nas margens do río Miranda Construí pra aquelas bandas Um ranchão de bom tamanho Perto de uma cachoeira Água limpa de primeira Aonde tomo meu banho Ali eu pesco de vara Com sorte pego a cachara Que me serve de mistura Más também tenho uma horta Pertinho da minha porta Com legumes e verduras Uma riqueza danada É o canto da passarada Pra quem sabe aprecia E aquí tem muitos cantando De noite tem curiango E de día sabía Desde perdiz a Nhambu codorna Jaó e Jacu Mutum e Aracuã Sem vaidade nenhuma me desperto com Inhumas Cantando toda manhã Bem lá no fundo do rancho Tem pendurado num gancho Velho imborná de pano Por mironga bem guardada Folha seca e Raizada Pra saúde não ter dano Tenho e levo comigo O conhecimento antigo O que é bom não se encerra Essa Ancestralidade Não tem força na cidade Está no Mato e vem da terra Pra essa vida Mateira Eu tenho uma companheira Que sabe fazer de tudo Não que eu a queira por isso Pois todo e qualquer serviço Eu sei fazer e ajudo Nesta Vivência Matuta De alegría absoluta Eu tenho a maior certeza Sou feliz nos días meus Na própria casa de Deus Que se chama Natureza