Última Lembrança

Os Fagundes

Eu hei de amar-te sempre, sempre além da vida 
Eu hei de amar-te muito além do nosso adeus 
Eu hei de amar-te com a esperança já extinguida 
De que meus lábios possam ter os lábios teus 
  
Quando eu morrer permita Deus que nesta hora 
Ouças ao longe o cantar da cotovia 
Será minh'alma que num canto triste chora 
E nessa mágoa o teu nome pronuncia 

 
(Eu viverei eternamente nos cantares 
Dos pobres loucos que dos versos fazem o ninho 
Eu viverei para a glória dos pesares 
Aonde quase sucumbi nos teus carinhos) 
Int. 
Eu viverei no violão que a noite tomba 
Ante a janela da silente madrugada 
Eu viverei como uma sombra em tua sombra 
Como poesia em teu caminho derramada 
 
Nem mesmo o tempo apagará nossos amores 
Que floresceram de uma ilusão febril e mansa 
Quando eu morrer eu viverei nas tuas cores 
Mas te levando em minha última lembrança
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