São as festas da aldeia em São Simão Todos se vestem de gala p’rá ocasião E à saída da igreja, eu vejo a luz! Tu, no teu vestido branco, de ombros nus E o povo todo fala, Que despudor! Não se entra assim em casa de Deus Senhor! Ela há-de ir pró inferno e de arder bem Por mostrar assim os ombros à Virgem Mãe! E eu só penso que hoje à noite há um baile e vais lá estar Se tu vens assim prá missa, como sais para dançar? Ponho água de colónia, fico a cheirar a jasmim Rezo p’ra que lá na praça te aproximes de mim! Roda, menina, e solta o teu cabelo ao vento! Baila, menina, e esquece o mundo ao teu redor! E eu rodo contigo E eu bailo contigo! Quando tu rodas o baile ganha outra cor! Outro dia se levanta em S. Simão Todos vestem roupa nova p’rá procissão E na fila da direita, longe da cruz Vais no teu vestido branco e de ombros nus E o povo todo fala, Que despudor! Com a vergonha até o santo cai do andor! O diabo há-de levá-la, há-de arder bem Nem que reze mil novenas à Virgem Mãe! E eu só penso é que hoje à noite vai haver baile outra vez E eu só quero acompanhar a leveza dos teus pés Tomo banho, faço a barba e ensopo o cabelo em gel Espero por ti na quermesse mesmo ao pé do carrossel!