Ouvi Deus e era o som de muitas águas Ele me convidou pra fazer seu mar, meu chão Ouvi Deus, submerso em suas águas Então gritei papai não vê que eu afundo? Ele me disse eu sei o meu convite é pro fundo, profundo Quem tem ouvidos ouça Quem tiver sede beba Do oceano da graça, de graça receba Quem tem ouvidos ouça A voz do papai reconheça Existem águas mais profundas Vou mergulhar de cabeça Profundo convite pro fundo, despedi a mesmice Melhor é morrer no mergulho que viver nessa superfície Água na borda por fora nem começa a encher o vaso Acorda que ir pro fundo é mais que sair do raso Submersão é submissão em tudo Na pressão é que a esponja revela o conteúdo Não represe, não faça cisterna, só deixe que jorre Até que esborre, das águas eternas que do trono vem Se a nascente retém ela seca e morre Então provai e vede, lançai a rede Serial killer da sede alheia O anzol do amor acertou minha veia E puxou pra dançar num mar turbulento Onde o vento bate sem luva Um oceano nem sempre pacífico Mas no meio dessa chuva Ouvi Deus e era o som de muitas águas Ele me convidou pra fazer seu mar, meu chão Ouvi Deus, submerso em suas águas Então gritei papai não vê que eu afundo? Ele me disse eu sei o meu convite é pro fundo, profundo A palavra lavra, cava o terreno coração Tipo um GPS, mostra direção pra que eu não me perca Me abastece tipo irrigação em plena seca No deserto os poetas e profetas regam suas frases Pois fora dele não nascem oásis Se as crises crescem as raízes descem. Absorvi sim Na tempestade o mestre foi dormir No seu lençol freático eu me cobri E afoguei o grito almático quando eu ouvi