No sertão de Maringá, quem passar beirando a estrada Tira o chapéu com respeito, pras tuas cruz ali fincada Uma cruz é pequenina, toda de flor rodeada A outra é grande de cipó, e tá sempre abandonada Cada cruz é uma vida, cada vida é um destino A cruz pequena e tratada, arrepresenta o mundo A cruz grande abandonada arrepresenta o assassino Que pagou com sua vida a vida do pequenino Na fazenda Santa Pura, milho verde era fartura e o patrão um falso nobre Preferia ver a plantação apodrecendo no chão mas não dava para o pobre Eu passava com meu filho, e ele vendo aquele milho, uma espiga quis colher Pra fazer uma pamonha, deixei pois não é vergonha (rouba ma proi tai comer) Mas por causa de um desejo, oh meu Deus o que é que eu vejo Dei um grito de repente O patrão tava de guarda e com um tiro de espingarda matou meu filho inocente Fiquei louco nessa hora, pedi pra Nossa Senhora forças para eu reagir Avancei nesse tarado, e com um golpe de machado sua vida destruí Hoje na beira da estrada, tuas cruz estão fincada pra lembrar esse causo triste A pequena é bem tratada a outra vive abandonada, parece que nem existe