De novo o mesmo filme mineiro pelo minério De ferro, enterra tantos corpos meio à lama O marco da samarco foi o primeiro derradeiro Mariana ainda chora por herdeiros desse drama Por trama e dinheiro, quanto vale a vale? Fale e tome um cale-se com males do cartel de Cali No vale da sombra e da morte só escapa se a sorte Tive que manter o porte pra não chorar, fingi ser forte Vi um cara, história rara, perdeu todos entes Queridos, muito aguerrido, se ergueu pra salvar gente Do meu lado senti a presença de um povo escolhido Incumbidos com a essência de Bombeiros Combatentes Isso não foi desastre (não), Deus nos deu um paraíso Brasil Elísio, terra santa com um povo sem juízo Povo indeciso, se vale a vida, o lucro obtido Minério vendido deixou corações endurecidos Igual ferro, berro a Deus e na lama me enterro Olho pro lado, vejo homens fardados e compreendo Sempre serão soldados que enfrentarão o inferno Sempre serão soldados no fogo cobertor no inverno E criticam deslizes, não deslizamentos de lama Em diretrizes o governo sancionou espinhos Que espetam, mas esquecem rápido de Mariana Quem vai cobrar autores da tragédia em Brumadinho? Cumprindo a missão que alguém cobiça Me arrastando ao solo feito areia movediça Vi algo que parece um galho, será boa notícia? Fiquei em frangalhos, até perdi a postura de polícia Desabei em lágrimas quando vi ser uma mão Quando cavei, eu percebi que encontrei outro corpo Era uma criança e sua mãe abraçadas, por emoção Fomos tomados sem esperança, já estavam mortos Abaixo da lama escuto vozes, ouço gemidos Pedidos de socorro e eu aqui com as mãos atadas Queria ter superpoderes e enxergar desaparecidos Que serão esquecidos pela lama, pela grana E o povo sangra como sempre, é E o povo sangra como sempre, é Num mar de lama eu vejo gente Sofrendo, quem é o culpado? Quem é o culpado? A ganância do homem Na esperança que encontrem o autor do ato errado Ahn, é complicado, jogo de interesses estatais Corporações privadas causam desastres globais Fica difícil distinguir qual é o erro E agilidade o julgamento no processo pede E o povo sob a desgraça em desespero Mas tudo isso é só uma ponta do iceberg Ahn, trabalhador no berço da sua família Vive refém sem nem saber de uma quadrilha O imposto compulsório vem sujo de sangue Mas todo esse velório é indiferente pra essa gangue Homens de farda são heróis nessa guerra civil Se vê uma vida dedicada a salvar terceiros Terceiro reich deixou mortos de um regime vil Brasil deixa vergonha para o mundo inteiro Internamente despedaçado, o povo morre Internamente desgastado, o povo sofre Ahn, note que o tempo passa e já saiu de pauta Não pra quem ficou na rua sem casa Lama que leva à reflexão Eles tão aqui pra nos guiar ou pra nos matar? Grana que tira a percepção De que o povo eles tão, haha, a aniquilar E o povo sangra como sempre, é E o povo sangra como sempre, é Num mar de lama eu vejo gente Sofrendo, quem é o culpado? Quem é o culpado? A ganância do homem Na esperança que encontrem o autor do ato errado Ahn, quem é o culpado? Quem é o culpado? Hein? Quem é o culpado?