Ele ficava assistindo televisão o dia todo De manhã reclamava do pão murcho, o café amargo O copo tava com a marquinha de sabão e mesmo assim devorava tudo É gente à toa, não trabalha, não estuda não faz nada em casa! Depois ia prá sala, arreda aqui e ali a empregada quer varrer As migalhas do seu próprio biscoito detona tudo, o refri já foi pro saco É gente à toa, não trabalha, não estuda não faz nada em casa! Após um cochilo demorado, todo amarrotado Vem com sono pro almoço prá falar do bife cru Seu fedasunha não curte angu, nem espinafre O verde é só com os amigos Se não servem o seu prato fica com cara de cuzão beliscando batatinha Se tomasse um pau ou fosse pego pela gang tinha a mãe pra ajudar Dormia a tarde toda e punhetava depois de terem lavado o banheiro Não tinha muita escolha ouviu falar de Nero e seus companheiros Antes de conhecer a zona dizia que era coisa de peão Não posso chamá-lo assim porque você não trabalha, não trabalha E com elas não sabe falar Não come gordura da carne nem pão velho margarina nem pensar É só bife, batata e arroz feijão também gosto Mas, e o mundo, como e que fica? Mas, e o mundo, como e que fica?