Eu sei, você pediu uma canção Sem a tensão das notas Sem signos e sem vestes sutis Que à alma se transporta É quando, invisível Impreterível Meu Outro faz chacota E lança inaudível o refrão Como uma carta roubada Eu juro, sim, eu juro Não, não fiz! Mas chega desejada Ignora, intangível Abre, implausível Nossa porta fechada Ela nos ouve Som e sentido Solta e nos entrega Como se fosse Lâmina, libido Corta palavra cega Sintoma, fantasia e pulsão A música contorna Sinuosa construção quase obtusa O desejo entorna E grávida, sensível Já previsível A negação suborna Sim, pode acontecer, mas como não? Soar indecoroso Na tradução, cabeça de Medusa O ato doloroso Contudo ainda assim Antes do fim Terás o gozo