Abre a porta, meu bem, abre a porta Abre a porta que estou chegando agora Vim amarrado pelo laço da saudade E apertando este meu burrão na espora Saí de casa pra levar uma boiada Sou um peão e preciso sobreviver E viajando de quebrada em quebrada Apaixonado, muito tempo sem te ver Parei o gado em um ponto de pousada A solidão fez minha voz emudecer Deitei na rede admirando a luz da Lua Perdi o sono com saudade de você Abre a porta, meu bem, abre a porta Os passarinhos me fizeram serenata E as estrelas vigiaram a boiada O urutau que gritava bem distante Representava um peão na arribada Os curiangos cantaram a noite inteira Me convidando pra pôr o gado na estrada E o sereno que molhava o meu rosto Era o céu chorando de madrugada Abre a porta, meu bem, abre a porta Eu encontrei muitas flores no caminho Nem a boiada, nem a trova não pisou Aquelas rosas perfumadas que eu vi Era o desejo de te amar, meu grande amor Estou de volta, mandei a saudade embora Um boiadeiro sempre é um bom laçador Trouxe pra mim um punhado de cansaço E pra você um lindo buquê de flor Abre a porta, meu bem, abre a porta