No meu destino de peão eu sofro muito por dentro Pois sinto que sinto o centro de grandes transformações Aos golpes a evolução tira-me tudo o que quero E para ser bem sincero me julgo um peão no direito De guardar dentro do peito as coisas que mais venero Rodeios, tropas, repontes de gados campo a fora Som de barbela de esporas, e a atração dos horizontes Repechos, várzeas, aprontes para um linda campeira Do peão que a vida inteira tem por únicos regalos Mulher, guitarra e cavalos e a estrada por companheira. Não só pressentimento rodam os meus dias atuais Já vejo as horas finais até dos divertimentos Ramadas e carreiramentos e os domingos nos bolichos Deixaram de ser cambichos pra gauchada de agora Quem anda a toa estrada a fora sem luxos e sem caprichos. E por isso tenho direiro de resguiardar o que quero E aquilo que mais venero rejuntar dentro do peito E evolução não rejeito apenas o que eu anceio É que ela não ache meio de transformar-me por dentro Pois meu coração é o centro de um permanente rodeio.