Na legendária São Borja Conheci o seu jornada Um cruzador de perau Restinga, várzea e picada Chão batido, gaita e viola Garganta bem afinada Vendendo lenha pro povo Gritava de madrugada Olha a lenha, podre Sempre matando a charada E assim gritando, no más Foi juntando a freguesia 5 mil lascas de lenha Numa passada saia Até o juiz e o promotor Pra o Lenha Podre sorria Por gritar ao seu Vigário Na sua pura ironia Olha a lenha, podre Em seguida se benzia Que lindo ver as crianças Gritando pra mãe e o pai Lá vem vindo o seu Jornada Das barrancas do Uruguai Trazendo lenha pra nós Inverno brabo se vai E nisso se ouve um grito De um taura que se distrai Olha a lenha, podre Dá uma risada e se vai Cortando a noite um clarão Lá pras bandas do nascente Um trovão se ouve ao longe Como sinal de uma enchente Entre um bagre, um pintado Um trago de aguardente O grito do lenha podre Lavando a alma da gente O grito do lenha podre Lavando a alma da gente