Nos tempos de moço novo, fui pegado no arreios Pealava bem no rodeio, surrava qualquer velhaco Nunca esparramei meus caco', dentro d'água, era um suruba Mas, depois que fiquei velho, qualquer vento me derruba Nos tempos de moço novo, tranqueando de lombo duro Pealava até no escuro, fui guapo barbaridade Hoje, judiado da idade, minhas forças vêm e se somem Me bate até a cachorrada pensando que é um lobisomem Nos tempos de moço novo, bebia de tudo um pouco Comia mesmo que um louco, foi que frouxei o garrão Encrencado da pressão, meu coração se aporreia Muitas vez', não como nada e passo de barriga cheia Nos tempos de moço novo, foi' linda' minhas campereadas Recordo da gineteada do meu passado bisonho Às vezes, dormindo, eu sonho com redomão caborteiro Me acordo em riba do catre dando pau no travesseiro Nos tempos de moço novo, sempre fui sincero e franco No cabo do ferro branco, fui ligeiro por demás' Mas, depois que fiquei velho, veja o que a idade nos faz Eu dou uns três passos pra frente e uns quatro ou cinco pra trás Nos tempos de moço novo, não corri de assombração Hoje, já mal da visão, vejo o mundo diferente Às vezes, salto do cepo, me assusto assim, de repente Vejo até mulher pelada que vem dançar na minha frente Mas isso é o peso da idade que vem judiando da gente Mas isso é o peso da idade que vem judiando da gente