(Sou a metade que Deus não salvou) (A Alma partida do mundo que o tempo calou) (Não escolho o fim, apenas vou e o refaço) (A sombra que pesa no trono, ahn) Eu sou a outra metade que o Rei deixou, nasci incompleto Nasci com a Alma de um Deus, vivendo num corpo discreto Sem espelho, sem voz, sem destino que fosse só meu Mesmo assim eu fui o nome que a sorte o azar escolheu Sentimentos tão rasos pra um olhar tão profundo Ahn, a balança que equilibra o mundo Cortes que tem o peso de mil decisões não ditas Cada queda que eu causei se escreveu com mãos já partidas Eu sou a parte que sente, me entende? A que eles fingem que não vê E a cada vez que ele respira Eu volto a me perder No seu despertar, sou reduzido a carne vazia Mas no breve instante da sua ausência Eu sou a luz que guia A metade do Rei é mais que um eco É o preço da divindade A parte que não brilha mas sustenta a eternidade Mesmo sem trono, sem luz, sem adoração nos altares É minha presença que garante que Deus nunca pare Não escolhi ser metade Só acordei com a alma partida Sem direito de vontade Com o poder de mudar a vida Enquanto eles oram por força Eu só queria ter o silêncio Não é seu dia de sorte Entre Reis implorando por trégua com sangue na voz Mas a Balança não treme por grito, ela pesa por nós Ser divino sem escolha, pior condenação que existe É conhecer cada erro, saber que o perdão não existe Eu já nem sei se eu sou servo, sombra ou sentença que anda Só sei que onde eu piso, o amanhã se desbanda Herdei o Almighty sem honra, sem glória e no fim Vejo o futuro de todos, menos um futuro pra mim Às vezes, penso Bazz-B (amém) Co-como lembrança De um tempo onde eu senti Quase acreditei na esperança Mas o tempo me esculpiu Com o cinzel da Razão Absoluta Onde a emoção é fraqueza E a memória é luta Eu sou aquele que corta o que ama Se for preciso Porque justiça não hesita em laços Ela cobra com aviso E no fundo, talvez meu fardo é maior que meu crime Viver por um Rei que me usou como espelho, sem nome ou regime Sou a metade que Deus não salvou A Alma partida do mundo que o tempo calou Não escolho o fim, apenas vou e o refaço A sombra que pesa no trono, ahn, trono mais belo Uma peça, um número, talvez a metade Pra uns sou como cópia, pra outros calamidade Pro Rei, a salvação. Pra Gotei, a destruição Não sou a última ordem, e sim a própria execução Eu vejo o início do Império Sua espada toma reversa A sombra que anda ao seu lado Fria, precisa e dispersa Mas no fim, eu percebi O que eu era pra ti, só um peão Um número perfeito Na equação da tua dominação Não me olhavas como irmão Nem como parte vital Mas como engrenagem que gira Até quebrar no final Eu fui o sono que te permitia sonhar com o Eterno Mas quando abre estes olhos, meu corpo vira o Inferno Em cada olhe, calei minha alma e vi o seu dever Mas o Rei que governa sem ver não merece o que pode perder Porque no fim, do Deus divino, o único medo Então temeste a um espelho, reflexo de você? Traí não, eu despertei no instante que vi tua mentira Soube que se leu aqui, era renega a minha ira Se sou sua metade, por que meu nome tem silêncio? Porque eu morri em ti e nunca renasci em mim mesmo? Te enfrentei, não por ódio, por justiça que me negaste Cada dia que eu vivi, tua glória, minha alma apagaste Quando a lâmina tentou romper teu destino traçado Até tua traição era parte de um plano fechado Caí sem aplauso, sem verso, sem altar ou perdão Mas caí inteiro e tu? Rei da própria negação O fim veio como sempre, exato, frio, sem remorso ou alarde A-Ali morri pela última vez como metade Me-Metade que Deus não salvou A Alma partida do mundo que o tempo calou Não escolho o fim, apenas vou e o refaço A sombra que pesa no trono, trono mais belo Uma peça, um número, talvez a metade Pra uns sou como cópia, pra outros calamidade Pro Rei, a salvação Pra Gotei, a destruição Não sou a última ordem, e sim a própria execução