Há sempre um enfeite naqueles olhos Uma moldura pro meu passado Um riso teso, preso num quadro A tinta fria pra eu resfriar Há sempre uma tela a mais de tecido Trazendo a tona uma dor passada Um risco tenso, tece teus traços Cores sombrias pra eu sombrear Senti a calma cansada Minha razão mal tratada Aquela febre de novo Tremi com os braços atados Meu corpo ardeu apressado Aquela febre de novo Há sempre uma boca morna num canto Uma aventura cega, insana Incertas horas desertos esboços De um certo gosto pra eu salivar Naquela tela havia ilusão Uma ternura interna que emana Os mil receios que eu tenho guardado De contemplar teu sorriso de novo E desarmar todos os meus temores As velhas dores eu exorcizar