Poesia é flecha, a alma é um arco... Futuro é um alvo que a alma tem; Estamos todos no mesmo barco... Se ele naufraga vamos também! Poesia é flecha que se projeta Pelas nações, que de fome choram; A alma é um arco nas mãos do poeta Caçando as feras que nos devoram! A flecha corta os confins do mundo Sangrando as chagas que a fome fez... Povos inteiros já moribundos, Matando um sonho de cada vez! O arco fica, mas manda a flecha E a flecha voa com altivez; Chora a miséria e, em nome dela, Transpassa a carne da insensatez! O arco dita as razões da flecha E mostra o rumo sem hesitar; A flecha é força que a tudo pecha Quando é justiça cortando o ar! São arco e flecha sempre em vigília, Que essa miséria tem rosto e nome; Nos calcanhares dessas matilhas Que se sustentam de sangue e fome!