Um sussurro, um zunido Um ruído, um murmúrio Uma voz, um latido Um estrilo no escuro Um mugido, um miado Um chuvisco na telha Com o olho fechado Dá até pra escutar uma estrela Um ganido, um estralo Cochichando no ouvido Cacarejo de um galo Um trinado, um tinido O rangido de um galho Um zum-zum de uma abelha O farfalho da folha Um besouro na beira da orelha Na calada da noite Uma música brota no meio da mata Um zumbido, um grunido Um sibilo de grilo no ar faz sua serenata E também têm os pingos na pia Conversa, os barulhos da casa Uma porta que rincha O chiar da panela, uma janela que estala Em pessoa em pessoa O som que ressoa se torna palavra Um bramido, um gorjeio Um apito, um harpejo, assobio, silvo da madrugada Intervalo do papo Coaxo do sapo parece que fala Todo mundo se cala Escutando a risada d'água na calha Uma palha no vento Alvoroço de asa No soluço do tempo Um trovão que se atrasa Um suspiro, um suspenso Um psiu que se espalha Para ouvir o silêncio Tem que haver o cicio da cigarra