Nada há mais desigual Que velhice e mocidade É a contrariedade Maior que existe afinal A velhice é um mal Para o qual cura não tem Mocidade é um bem Que em pouco tempo desaba Querendo ou não se acaba Quando a velhice vem Mocidade é uma flor No jardim da juventude Quem é jovem tem saúde Disposição e vigor A velhice, meu senhor É um jardim ressecado E quem é velho coitado Tem um viver muito falho Igualmente a um galho Que da planta foi cortado Mocidade é um rio Perene e cristalino Onde menina e menino E adulto vive sadio A velhice é um estio Prolongado e causticante Queimando a todo instante O pobre do ancião Pois os idosos estão Da saúde bem distante Mocidade é fortaleza Na qual o jovem habita Numa situação bonita E repleta de beleza Velhice é com certeza Um prédio desmoronado Onde o ancião coitado Vive muito triste nele E só fica livre dele Depois que vira finado Mocidade é água fria E doce de se beber Que faz o jovem viver Vigoroso todo dia Velhice traz agonia E uma fraqueza danada Porque é água salgada E além de salgada quente Deixando o velho demente Com a vida arruinada Sem dúvida a mocidade É uma estrela brilhante Brilhando todo instante No céu da felicidade Onde o jovem na verdade Tem uma vida segura Velhice é estrela escura Que faz o pobre o ancião Viver na escuridão Até ir pra sepultura Mocidade é um presente Que Deus dá para a pessoa Viver uma vida boa Bem feliz diariamente Quem é moço anda pra frente E se sai bem no que faz Velhice é Bujão sem gás Que faz o pobre velhinho Além de errar o caminho Só caminhar para trás Velhice e mocidade Não combinam nem cá peste O homem moço se veste De paz e tranquilidade Quem tá na velhiridade Se veste de sofrimento De dor e padecimento Que a velhice toda hora Fura igual a espora Na barriga do jumento