Lá no sítio que eu morava Tinha um pé de Juazeiro Era verde o ano inteiro Seca nenhuma o secava Enquanto pai trabalhava Na roça o dia inteiro Eu chamava um companheiro Para me acompanhar E a gente ia brincar Na sombra do Juazeiro Todo dia ao meio dia Quando o sol esquentava Todo o gado que pastava Por dentro da mataria Procurando sombra fria Pra sair do desespero Ia bastante ligeiro Para o pasto ruminar E também pra descansar Na sombra do Juazeiro Todo final de semana Eu ia lá pra Serrinha Só para buscar a minha Namorada Juliana Pra com ela beber cana Pitu ou Velho Barreiro Namorar lhe dando cheiro Beijo e abraço também Só eu ela e mais ninguém Na sombra do Juazeiro Esse Juazeiro tinha Uma sombra muito boa Por isso bicho e pessoa Para a sombra dele vinha O meu pai e mamãezinha Chamavam um violeiro A ele dava dinheiro Pra cantar pra nós ouvir Curtir e se divertir Na sombra do Juazeiro Das onze pra o meio dia Papai chegava da roça Pra almoçar na palhoça Com a gente em companhia E novamente só ia Para o trabalho roceiro Depois de armar primeiro A sua velha redinha Pra tirar uma sonequinha Na sombra do Juazeiro As tropas de retirantes Quando passavam levando Os seus burros carregando Suas cargas estafantes Paravam alguns instantes No Juazeiro hospitaleiro A tarde cada tropeiro Começavam viajar Mas depois de descansar Na sobra do Juazeiro Da nossa casa pertinho O Juazeiro ficava Por isso a gente escutava Muito mais de um passarinho Que lá faziam o ninho Sem ordem do fazendeiro Ficavam o dia inteiro Dos filhotinhos cuidando E ao mesmo tempo cantando Na sombra do Juazeiro Na cidade, amiguinho Eu vejo prédio somente Muito, Muito diferente Do Juazeiro verdinho Se escuto um passarinho É preso em um viveiro Passarinho em cativeiro Não canta com alegria Como os que eu ouvia Na sombra do Juazeiro Eu fui o ano passado O meu sítio visitar Somente para olhar O meu Juazeiro amado Fiquei muito amargurado Chorando em pé no terreiro O Juazeiro sombreiro Cortaram sem compaixão Hoje é só recordação A sombra do Juazeiro