O pobre do chapeado Passa o dia trabalhando Carregando caminhão E também descarregando Trabalha feito um louco E o que ganha é tão pouco Que não dá nem pra comer Pra comer compra fiado A vida do chapeado É osso duro de roer A prostituta se vende Para conseguir o pão Entrega seu corpo nu Em em cima de um colchão Nos cabarés continua Vendendo a carne sua Pra um taco de carne ter Dentro da sua panela Por isso a vida dela É osso duro de roer O coitado do mendigo Pega a sua sacola E vai andar pelas ruas Pedindo uma esmola Pede esmola o dia inteiro E só consegue o dinheiro Duma Coca-Cola beber Ou então dum picolé A vida do esmolé É osso duro de roer O homem que é gari Leva uma vida mesquinha Tira o lixo da cidade Deixa a cidade limpinha Recebe pouco dinheiro E ganha o nome de lixeiro Pra seu desgosto crescer Igual um pé de piqui A vida de um gari É osso duro de roer A empregada doméstica Trabalha para a patroa Juntamente ao patrão Levar uma vida boa E pagam para a coitada Uma quantia mirrada Que faz vergonha dizer Pois é mesmo quase nada A vida da empregada É osso duro de roer O coitadinho do cego Não enxerga a luz do dia Para poder caminhar Necessita de um guia E além do guia um bastão Pra poder bater no chão E dessa forma saber Aonde bota o pé A vida do cego é Osso duro de roer O pobre do encanador Vive limpando esgoto Para ganhar o dinheiro De sustentar seu garoto Trabalha todo momento Chega em casa fedorento Lamentando a dizer Pra esposa seu amor Vida de encanador É osso duro de roer O pobre do cadeirante Sofre que não é brincadeira Vive todo o seu tempo Preso a uma cadeira Se ninguém não lhe empurrar Ele não consegue andar E nem tampouco correr Seu sofrimento é gigante A vida do cadeirante É osso duro de roer Os moradores de rua Passa o maior desafio De dia pede nas ruas A noite dorme no frio A rua é sua morada Sua cama é a calçada E lixo é o seu comer E seu claro só o da Lua Vida de quem tá na rua É osso duro de roer