O pobre trabalha tanto E não tem nada na vida Quanto consegue a comida Agradece a todo santo Emprego por todo canto Procura e ninguém lhe aceita E de forma insatisfeita Volta pra casa gemendo O pobre vive comendo O pão que o Diabo enjeita A vida de pobre é dura E cheia de aflição Quando compra o feijão Fica faltando a mistura O seu doce é rapadura E é daquela mais malfeita A cama que ele deita É de couro velho fedendo O pobre vive comendo O pão que o Diabo enjeita A casa que o pobre mora Não é casa é tapera Dessas que até uma fera Se assombra e vai embora O filho com fome chora Que chega a goela estreita E a esposa, de maleita Estar sempre adoecendo O pobre vive comendo O pão que o Diabo enjeita Seu transporte de andar É um jegue velho cansado Que anda estropiado Já vendo a hora parar O patrão nada lhe dar Dele só se aproveita E ele ao patrão se sujeita Por que vive lhe devendo O pobre vive comendo O pão que o Diabo enjeita Em vez de roupa usar O pobre usa mulambo Quando sente dor de estambro O seu remédio é chá Se uma roça plantar Não chove, não tem colheita Igual rato nova ceita Fica a fome lhe roendo O pobre vive comendo O pão que o Diabo enjeita Pobre invés de dormir Cochila como teu téu Seu guarda-chuva é o chapéu Para a cabeça cobrir Vê o seu filho sair Por uma rua estreita Abraçando uma sujeita Que vive drogas vendendo O pobre vive comendo O pão que o Diabo enjeita O pobre sofre demais Sofre diariamente Dá um passo para a frente E mais de 20 pra trás Toda coisa que ele faz Nunca sai boa e bem feita Quando sai de casa, peita Numa pedra e sai pendendo O pobre vive comendo O pão que o Diabo enjeita Num ano de eleição Ele escolhe um candidato Aí vota no ingrato Com toda satisfação E os que eleitos são Nada pra ele ajeita Numa vida satisfeita Findam do pobre esquecendo O pobre vive comendo O pão que o Diabo enjeita O pobre vive a sofrer Passando bastante fome E o comer que ele come Nem o Diabo quer comer Não vem pra lhe proteger Nem prefeito e nem prefeita E ele não se deleita De nada que está querendo O pobre vive comendo O pão que o Diabo enjeita Diferente do homem nobre O homem pobre padece A pobreza dele cresce E a tristeza lhe cobre O alimento do pobre Até cachorro rejeita Ele diz às vezes, eita Como vivo padecendo O pobre vive comendo O pão que o Diabo enjeita